Crime
Cães abandonados na estrada do Cotovelo ganham atenção
Mesmo sendo crime, é grande a incidência de abandono de animais na região
Foto: Italo Santos - DP - Denúncias de abandono podem ser feitas no Cartório de Animais que funciona dentro da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente
Abandono de animais é crime. Mesmo assim é grande a incidência de pessoas que deixam cães à mercê da sorte na estrada do Cotovelo (entre os fundos da Sanga Funda e da Vasco Pires), em Pelotas. Em 20 quilômetros de chão batido, pelo menos dez cães, entre eles duas cadelas prenhas e um com dois filhotes, foram localizados. Três serão levados para castração, além dos dois pequeninos, e quase todos farão parte da tradicional feira de adoção no Laranjal, domingo, às 14h, na avenida da praia com a avenida Rio Grande do Sul. Outros ainda terão que esperar à beira da estrada por um lar.
No rastro do montador de estruturas, Flávio Sampaio Borges, 46, e sua esposa, Iria Bichat, 47, a reportagem seguiu a trilha dos bichinhos. Em pleno meio-dia e sob um sol escaldante, o casal, junto à equipe de apoio da vereadora Marisa Schwarzer (PSB), fazia uma parada para um carinho e reposição de água e ração. A recepção não poderia ser mais calorosa. Ao expressar seu sentimento em conseguir encaminhar alguns dos animais, Borges não conteve o choro. Foram alguns segundos de emoção até conseguir falar: "É muito gratificante. Faz tempo que eu venho lutando por esses animais", revelou. O montador contou ainda que costuma fazer pedaladas e ao andar pela estrada do Cotovelo percebeu a quantidade de animais abandonados e registrou, em imagens, as condições de cada um.
Ele e a esposa passaram a ir todos os dias de moto ao local para alimentar os cãezinhos. Mas os recursos estão escassos. "Os primeiros que eu encontrei foram seis filhotes perto das charqueadas. Mas eu tenho os meus e não posso pegar mais", lamentou. Ele critica a postura de quem toma uma atitude dessas, pois cuida com tanto carinho do seus que não acredita que possam fazer isso". Enquanto isso, os animais buscam abrigos em meio aos juncos da beira de estrada ou em troncos ocos de árvores, o que só os protege quando o clima está bom. "Minha preocupação é quando chove, pois não tem como eles se abrigarem. No caso dos filhotes, sem estar protegidos, podem não sobreviver", observou a vereadora Marisa, ao lamentar que nem todos poderão ser resgatados no momento.
Alívio
Quem ficou contente também foi o motorista do transporte escolar, o funcionário público municipal, Ney Martins. De passagem pelo local, parou para perguntar o que iam fazer com a "bichinha", ou seja, a cadela prenha toda branca com manchas pretas no focinho. Ao saber que estão tentando um lar para ela os os demais cães da estrada ele ficou aliviado. "Essa aqui (a cadela prenha) veio lá do Areal fundos. Tava sequinha. Sempre que posso, trago comida e deixo aqui", revelou ao sinalizar que precisava seguir sua rota.
O que diz a Polícia
É cada vez maior as denúncias de abandono de animais que chegam até o Cartório de Animais que funciona dentro da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). A delegada Lisiane explica que abandono não deixa de ser maus-tratos e, pela Lei Federal 14.064/20, que aumentou a pena para esse tipo de caso, sendo passível de prisão, mudou o comportamento da sociedade. "Antes, maus-tratos geravam um TC (termo circunstanciado). Agora podemos instaurar inquérito e a pessoa pode ser presa." Para a autoridade policial, isso evidencia uma evolução da sociedade que passa a enxergar esses animais e exigir punições mais severas para esse tipo de comportamento. Pela nova legislação, sancionada em setembro de 2020, a pena de detenção, que era de até um ano, aumentou para até cinco anos para quem cometer esse crime.
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